É um romance inovador nos quadros da literatura brasileira. Bento, o personagem, que se impôs o desafio de explicar-se como partícula do seu meio, e à sua família, explicando também a formação social brasileira, nasceu em Salvador, 1940, filho da Diáspora africana (200 milhões de seres humanos sequestrados da África durante 4 séculos, não só forçados a trabalho pesado, mas roubados de todos os produtos desse trabalho). Da vida intra-uterina à maturidade social, Bento vai nos expondo significativos conteúdos e fases de sua luta por desconstruir-se como cidadão de segunda classe, “filho de chocadeira”, “quilombola feliz”, “parasita da cultura dos europeus” (termos com que o racista define os filhos da Diáspora negra). O drama no romance é o homem só, isolado em sua consciência, sentir-se vítima de um grande logro chamado civilização greco-romana-judaico-cristã, diante de uma multidão de ingênuos que aceitam-se como foram e são definidos.
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